quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Felicidade

Tão pouco nos é necessário para sermos felizes...
É um lugar longe, muito longe,onde talvez você nem imagine...Libéria, um país da África Ocidental, limitado a norte pela Serra Leoa e pela Guiné, a leste pela Costa do Marfim e a sul e a oeste pelo Oceano Atlântico. Lá Rafael passou 02 anos, trabalhando...Uma época dificil, enquanto eu fazia quimioterapia,enquanto Miguel crescia..Mas Rafael, também crescia por lá, enquanto isso, pois muito aprendeu com as pessoas com quem conviveu, os amigos que lá deixou.
                  Libéria foi fundada no século XIX, por escravos libertos dos Estados Unidos. O lema do país é: "The love of liberty brought us here"- (O amor pela liberdade nos trouxe aqui). Na verdade, após serem libertos, conforme pensavam os americanos na época (nem sei se hoje seria tão diferente), os negros jamais teriam capacidade de se integrar na sociedade americana, a solução seria então o retorno para a Africa, pois assim evitariam o que eles consideravam certos "perigos" como o casamento interracial ou a criminalidade.
Em 1821, a Sociedade Americana de Colonização conseguiu adquirir uma parcela de terra perto da área do Cabo Mesurado, onde se fixariam os primeiros colonos negros oriundos dos Estados Unidos. Em 1824 a colónia recebeu o nome de Libéria (do latim, "terra livre").
                  Conflitos marcaram a história da Libéria desde sua origem. Isso se deveu, em parte à concentração de poder político e riqueza nas mãos dos ex-escravos e seus descendentes. Estima-se que, em 14 anos de guerra, mais de 270 mil pessoas tenham morrido e centenas de milhares tenham se refugiado. Estradas, portos, indústrias, sistema de comunicação e edificações foram destruídos. Apesar de ser um país rico em recursos naturais (terras férteis; minérios como ferro, diamante e ouro; borracha e madeira), a Libéria empobreceu, pois devido à situação instável, o desenvolvimento ficou prejudicado. Hoje a ONU é quem garante a paz.
                  Depois de muita guerra, a Liberia tenta se reerguer, apesar de não entendermos muito de que forma fazem isso, pois tudo parece que parou no tempo, sinal de progresso apenas nas minas de minérios ou ferrovias sendo restauradas. Em 2003, a Libéria saiu de uma guerra brutal em ruínas. Mesmo com a assistência internacional, a recuperação é muito lenta e muitos liberianos lutam para sobreviver. A taxa de mortalidade materna na Libéria está entre as mais altas no mundo. As duas décadas de guerra deixaram várias gerações sem educação. Apenas 17% dos liberianos têm acesso a instalações sanitárias, para não mencionar a falta de acesso a saúde, água potável, alimentos, entre outras coisas. Os desafios que o país tem pela frente são enormes.
                   Crianças eram arrancadas dos braços dos pais e treinadas para matar, e tinham que obedecer, caso contrário morreriam, como declara um ex-soldado-criança em parte de seu depoimento : "Quando capturavam alguém de uma facção inimiga, eles me apontavam uma arma e me mandavam matar aquela pessoa e eu tinha que matar. Se não obedecesse, eles me matariam aí mesmo. Vi isso acontecer com outras crianças que não obedeceram. Mesmo se eles hesitassem um pouco, eram mortos."
                  Hoje eles reaprendem a viver, algumas escolas já funcionam, crianças estão sendo alfabetizadas e recebem noções de higiene, diferente de seus pais, a maioria analfabetos.
                  O que é notável, é a felicidade, o sorriso nos rostos das pessoas, das crianças principalmente, nos ensina, que não é preciso muito para sermos felizes...Imaginem: essas crianças não conhecem sorvete, vivem sem o mínimo de conforto e higiene, nunca viram uma televisão, não tem brinquedos, a não ser os feitos de suas imaginações, com pedaços de paus, pedras ou o que encontram pelo chão...Mas sorriem, sorriem com a alma e são agradecidas aos que trabalham naquele lugar, aos que reestruturam sua dignidade. Não conhecem outra realidade, é fato, mas talvez pelo fato de nós conhecermos as suas realidades, deveríamos sim, sermos felizes com o que temos, com o que a vida nos proporciona a cada instante, um novo dia, com novas oportunidades... Temos escolhas e eles não têm...Li uma vez, e em algum lugar que não recordo, que no final das contas, felicidade é uma escolha – a moldura através da qual escolhemos enxergar a vida. Quanto maior a moldura, mais vívida a pintura. Quanto mais nos lembrarmos de que a vida é um presente – que tudo muda, e nós não estamos no controle – mais forte a nossa sensação de bem estar se torna. A felicidade pode resistir às adversidades da vida, só o que precisamos é de sabedoria.
"A felicidade consiste em ser o que se é" ( Erasmo de Rotterdam - Elogio da Loucura)


3 comentários:

Ludmila disse...

uau amiga...
Sempre digo que temos muito a agradecer...sempre... e temos mesmo!
Beijos!

Jason Stone disse...

Bom vê-la escrevendo mais que em cento e quarenta caracteres ou um box de 420 letras. Bom sabê-la sensível as andanças e curvas da vida, que nem sempre conseguimos prever a trajetória. Mas prever para que, se o grande lance é a descoberta? Vou colocar nos meus favoritos o seu endereço, para que eu me lembre que em algum lugar do espaço - mesmo virtual - há alguém que pensa com o coração e diz o porque. Um abraço fraterno e todas as bênçãos que mereces. Jason Stone.

marcelo disse...

Mana...
Não sabia de sua veia escritora..PARABÉNS..Gostei muito do testo..E, somo dizia Zeca Pagodinho "Deixa a vida me levar, vida leva eu.."..